Santa Catarina

Vou colocar-me por detrás dos olhos
De dois amigos que reataram uma relação
Demasiado ausente e marcadamente sofrida.
Vou voar imitando a investida
De Sebastião Caboto cuja expedição
Terá sido desviada por abençoados escolhos.

Um dia terá sido a Ilha dos Patos
Rebaptizada pelas suas encantadoras
Águas, rios, paraísos e outros factos
Como as praias, lindas e arrebatadoras
Bem enquadradas pela Hercílio Luz, uma ponte
Pênsil que ao longe parece um suave monte.

A praia do Santinho, a Ilha das Aranhas
A Fortaleza de S. João da Ponta, a praia da Daniela,
A Reserva Natural Olandi-Jurerê sem manhas
E com a garça-branca a fugir da viela,
As casas de madeira graás aos Açorianos
Apaixonados que largaram os costumes Pretorianos.

Barcos de garapuru esculpidos de um só tronco,
Pescadores lançando a tarrafa, sustento
E arte de quem não quis nunca ser bronco,
As dunas da Lagoa da Conceição um portento
Dos eólicos desejos, os trints-réis-de-bico
Multicolores e ágeis com um estupendo sentido prático.

Maricostas de cerâmica, cavalgadas
No Parque do Rio Vermelho, a Lagoa
Do Peri imensa, as taínhas amontoadas,
As bromélias e os beija-flores ä toa
E felizes enganando a misteriosa Pedra
Do Frade, insólita como as noites de Alhandra.

Em Camboriú os talha-mares ao entardecer
E as garcitas azuladas (ou Socozinho),
As escarpas da Serra Geral conseguindo perceber
O Bugio-Ruivo numa mágica de princesinho
E as araucárias em contraluza com a figueira
Solitária de Tijucas em alegre brincadeira.

Até eu me sinto encantado sem lá estar,
Imaginem então a felicidade de se amar
A jóia perdida por detrás de tão lindo olhar!

Estoril, 18 de Novembro de 2007

(à Didita e ao Zé)

Francisco da Renda

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